
La djoya
En una butika skura,
Topí yo una djoya klara.
La su perla k'es muy pura,
Supo avlarm'al korasón.
Ma tú saves de ken era
La su piedra de Granada
Ke en la plata st'apegada
I ke troka de kolor?
Era de una prenseza?
A una dam' apartenía,
Ke pue'ser era djudía
I mas nunka no tornó.
Akel dí' en el merkado,
Una boz me disho: "Aspera,
No me deshes ke me muera,
Irme kero yo kon ti".
I agora yo la tengo,
Sovr'el pecho enkolgada
Día i noche mi pensada
Sta tornand'a Salonik.
Matilda Koén-Sarano – Yerushaláyim.

Encontro entre os poetas Jefferson Linconn,Meca Moreno e Zenóbio Araújo.
Martelo à beira mar
I
Eu cantando aqui em Pernambuco
É como se estivesse em Judá
Muito antes do dia clarear
Me recordo de toda a Palestina
E minha alma de marrano imagina
O quanto ainda tenho que viajar
Por toda a cantoria popular
Que me fale do Bendito e do profano
Me sinto em pessach rasgando os oceanos
Num hebraico com martelo à beira mar.
II
Tão igual ao fogo do Vesúvio
Devastando plenamente a Pompéia
Se infiltrando também na Galiléia
Face à face aos Reis mais soberanos.
Até hoje me pergunto até quando
Vamos ter que esconder a Mezuzah
Vivendo e deixando de beijar
A estrela mais bela do Oriente
Sibilando vou fazendo o meu repente
Sefarad num martelo à beira mar.
III
Com o espírito insuflado pelo ar
De D-us soprado nas narinas
Isso feito por concepção divina
Impressa no meu DNA
Numa forma sábia de lembrar
Às futuras e as próximas gerações
Que ainda nós guardamos as Tradições
Recebidas pelos nossos ancestrais
Viver sempre as imagens dos meus pais
Num cabalístico martelo à beira mar.
IV
Shalom para todo este planeta
Peço eu nessa minha oração
Que os espíritos de Isaac e de Abraão
No momento possam estarem me ouvindo
E que Jacó no seu gesto vespertino
Abra as portas do Shabat para nós
Louvarei ao Senhor em alta voz
Com a reza extraída da Torah
Contemplando o girar dos girassóis
Num Talmúdico martelo à beira mar.
V
Digo isso e não me falha a memória
Israel sempre esteve com a razão
Até mesmo quando andou na contramão
O Et-rno só testava a sua fé
Separando quem não era de quem é
Por seu povo fiel e verdadeiro
Prometeu abençoar ao mundo inteiro
Ao seu povo também o expiar
Suspirando a viola e o violeiro
Num ladino martelo à beira mar.
VI
Minha alma não se farta de lembrar
Das Leis que não devo esquecer
Completando meu desejo de viver
Uma vida de real realidade
Seja hoje ou nos tempos de idade
Essa busca é o desejo de meu ser
Por isso necessário se faz ver
Da galut o nosso povo retornar
Com o Repentista fazendo um improviso
Lua nova num martelo à beira mar.
Zenóbio Araújo
Poeta pernambucano.